As coisas vão ficando claras:
-Não existem adivinhos pra dizer o que vai acontecer nos próximos dias, nos próximos meses, os profetas se calaram. Os “líderes” tradicionais preferiram silenciar, por não ter o que dizer. Eles se encastelaram em sua própria mediocridade.
-O povo está aprendendo a se representar nas ruas, sem partidos, sem agremiações que pretendam responder pela massa ou que estejam sonhando em liderar as manifestações.
-A selvageria, o vandalismo, infelizmente, fazem parte da nossa realidade. Os bandidos e arruaceiros se aproveitaram dos ventos do “Bem” para exercitar a barbárie. As depredações são uma extensão da violência diária ao qual o cidadão comum está exposto: arrastões, assaltos, terrorismo incendiário, ladrões, punguistas, traficantes, assassinos e outras formas de crimes e criminosos. Isso só reforça a necessidade de melhorias drásticas na nossa educação, das escolas, das pessoas, das famílias. Isso pode levar décadas, mas é preciso começar.
-As ruas colocaram os políticos em xeque. Por enquanto não é xeque-mate, mas o “rei” está em perigo, o domínio do jogo ameaçado.
-Uma ampla parcela da população quer o combate duro à corrupção, à gastança desmedida, irresponsável, sem transparência. Todos estão cansados.
-O desenvolvimento do país nos últimos anos foi importante, mas não suficiente.
-A organização da vida urbana foi definitivamente alterada, balançada, questionada. Isso inclui transporte coletivo, mas de forma mais abrangente, mobilidade, segurança, espaço para mobilizações.
-A polícia precisa ser valorizada, melhor preparada, equipada. O povo pede uma polícia cidadã, menos repressora, mais eficiente, mais pacificadora. As forças policiais também foram postas à prova.
-O país tenta se entender, ouvir e interpretar seus próprios clamores. O Brasil se volta pra si mesmo, olha para o próprio umbigo, vive um conflito visceral. Isso em princípio desorganiza, mas no longo prazo pode nos beneficiar, amadurecer.
-Não é a lei que nos atrapalha, é não cumpri-la de maneira exemplar o que nos envergonha, decepciona, revolta. Principalmente no caso dos poderosos, corruptos e corruptores.
-A violência, a exasperação e a loucura não podem superar, menosprezar ou obscurecer a ESPERANÇA. O inverno está só começando. Mas depois dele, virá a PRIMAVERA. Tempo de florescimento, novo vigor da natureza, vida nova que surge à luz do sol. Só para lembrar o discurso de Tancredo Neves, ao assumir a presidência, se referindo à imensa mobilização do povo nas ruas pelo Movimento “Diretas Já”: Não podemos nos dispersar!