Saco cheio

frm20130614064(1)http://glo.bo/141xhvd

Não se deve ter a pretensão de explicar a onda de protestos dos últimos dias em várias capitais, principalmente em São Paulo. Isso exige um estudo aprofundado. Mas eu tenho pensado sobre alguns ingredientes envolvidos nessas manifestações sociais. Violência é um multiplicador diabólico, empurrado por gente  que quase sempre é do mal. Uma pedrada é respondida com bombas de gás e tiros. Um spray na cara irrita e revolta. Quando existe abuso de um lado, lei da ação e reação, vem exagero do outro. O ser humano está em formação, ainda não saiu da pré-história. Aqui, na nossa imperfeita latitude, neste Brasil que não se conhece, vidro quebrado, vilania e depredação viram troféus da nossa ignorância. Faltam policiais preparados para trabalhar nesta época em que vivemos, de grande tensão. As forças sociais se fortalecem e se movimentam com grande rapidez. O transporte coletivo que faz muita gente sofrer, pode ser o arranque inicial, mas depois de ligado, esse motor vai produzir outras explosões de insatisfação e questionamento, novos temas, outras demandas. Gente demais, junta nas ruas, uma intenção por trás (ou várias forças agindo ao mesmo tempo), agressões, pauladas e quebra-quebra não são exclusividade nossa. Vai ver na Europa, na Asia, no Oriente Médio. Faltam educação e civilidade, e transborda radicalismo. Sobra arrogância política. Gestores públicos incompetentes. Um estado-polvo que precisa se organizar, se reinventar. A onda quebrou na praia, virão outras atrás, talvez o mar esteja de ressaca. O povo de saco cheio.

Sobre fernandoparracho

Jornalista com mais de 30 anos de experiência, fazendo uma transição para a vida rural. 🌱🏞️ Mas ainda atuando na comunicação, criação de roteiros e textos de vídeos, gravação de reportagens, produção de vídeos institucionais, materiais de divulgação, locução, apresentação de eventos e congressos.
Esse post foi publicado em "Time and a word", Um tempo, um lugar. Bookmark o link permanente.

2 respostas para Saco cheio

  1. Luiz Carlos Bastos Cunha disse:

    Muito boa reflexão. Fazer juízo de valor requer cautela e conhecimento mais profundo. Mas é fato que estamos longe de uma sociedade madura e capaz de resolver problemas dialogando e transigindo.

  2. Cacá de Souza disse:

    PARRACHO!!! onde voce esta vendo POVO nas manifestações ….???? OLHA QUEM ESTA POR TRÁS DISSO TUDO……e o que vai virar os protestos contra a tarifa dos onibus;

    14/06/2013
    às 20:12
    ATENÇÃO! PT VAI ENTRAR DE CABEÇA NA PANTOMIMA! APARELHOS DO PARTIDO DE TRABALHADORES E ESTUDANTES ESTÃO LIBERADOS PARA IR ÀS RUAS NA SEGUNDA: A ORDEM É NÃO TOCAR NO VALOR DA TARIFA E SE MANIFESTAR CONTRA A PM E CONTRA ALCKMIN. MILHÕES DE PESSOAS SÃO VÍTIMAS DE UMA TRAMOIA ELEITORAL

    Isto é uma informação, não uma interpretação. O PT liberou a tigrada para ir às ruas na segunda-feira. Os sindicatos de trabalhadores e estudantis dominados pelo partido estão sendo convocados a participar do que pretendem que seja uma megamanifestação, aí não mais contra a tarifa de ônibus, mas contra a Polícia Militar e contra o governo de São Paulo. A ordem, aliás, é focar o menos possível no valor da passagem de ônibus. Por óbvio, a questão pode arranhar a imagem de Fernando Haddad. Os petistas estão vendo na questão uma chance de ouro de realizar uma dupla operação:
    a: diluir o mal-estar com a elevação da tarifa;
    b: mudar definitivamente o sentido dos protestos.

    O movimento é organizado, veio de cima. O próprio Haddad saiu na frente. Foi a primeira autoridade petista, já na noite de ontem, a criticar “a violência” da Polícia. Ele o fez depois de conversar com a cúpula partidária. Gilberto Carvalho — que comanda a pasta que, na prática, “organiza” os índios — está sabendo de tudo. É ele quem faz a interlocução com os movimentos sociais.

    Os petistas tentam “assumir a liderança” do movimento em São Paulo, que consideram perigosamente fora do controle. Ao assumi-la, por intermédio dos movimentos sociais e lhe dar uma direção, pretendem mudar o eixo dos protestos. Observem que José Eduardo Cardozo também atacou a Polícia. Ideli Salvatti, ministra das Relações Institucionais, defendeu “o direito à manifestação”, como se alguém estivesse a contestá-lo.

    PC do B
    O PC do B também está chamando a sua turma. Membros da Juventude Socialista já andaram aparecendo nos protestos. Na segunda, haverá uma espécie de adesão formal. Não se esqueçam de que o partido tem a vice-prefeita de São Paulo, Nádia Campeão.

    Pusilanimidade
    Haddad, diga-se, convidou o Movimento Passe Livre para um papinho. Quer ouvir as suas propostas. A menos que o grupo tenha mudado a agenda, sei qual é: transporte gratuito para todos. A turma tem uma máxima bucéfala: se é público, por que é pago? Entenderam? Eles fingem não entender que tudo, rigorosamente tudo, o que é é público é… pago! Alguém sempre arca com os custos.

    É um caso evidente de pusilanimidade política. Ao receber pessoalmente os representantes do Passe Livre, o prefeito estará endossando seus métodos: depredação, quebra-quebra, coquetel molotov, porrada.

    É preciso deixar claro: ao aderir aos protestos e tentar mudar a sua natureza, evidencia-se o caráter político-eleitoral dos protestos. O PT e o PC do B enxergaram no episódio uma janela de oportunidades e decidiram tomar a rédea dos protestos, tirando-o da condução da turma do Passe Livre, PSOL e PCO. Ainda que, num dado momento, todos se entendam, têm lá suas diferenças de estratégia.

    Violência
    Os petistas graúdos passaram a considerar também que é fundamental que não haja violência na segunda-feira. Na fórmula de uma deles, a manifestação só será bem-sucedida se for grande e pacífica e se concentrar suas palavras de ordem em favor da liberdade de expressão (como se ela estivesse sob ameaça), contra a violência policial e contra o governo Alckmin.

    É assim que o PT faz política. É assim que sempre fez. E assim fará enquanto existir. Não é uma questão de escolha, mas de natureza. Podem contar: na segunda, os petistas param São Paulo. E tentarão provar que é para o bem dos paulistanos.

    Para encerrar
    Ao saber que jornalistas haviam sido feridos nos confrontos dessa quinta, um petita de alto coturno quase soltou rojão. Anteviu uma reação corporativista, como de fato aconteceu, e comemorou: “Agora eles [os jornalistas] vêm pro nosso lado!” Como se a maioria já não tivesse ido…
    Por Reinaldo Azevedo
    Tags: protesto, PT

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s