O réu senta na cadeira maldita. Mas tudo o que ele diz é parte de um script muito bem escrito e paginado pela defesa. Em nenhuma linha, comprometido com a verdade dos fatos, com o que aconteceu, com a motivação para matar ou com os detalhes sombrios da cena do crime. Parece que o único interessado em apresentar uma versão mais próxima da realidade é o promotor, pago pelo estado para acusar. Vem a leitura do processo…milhares de páginas de um livro monótono, recheado do que eles conseguiram transformar em provas. Vem os discursos inflamados de um lado e de outro, um roteiro teatral onde vale quem fala mais alto, quem interpreta melhor. O juiz, do alto do trono e investido da toga, observa, conduz o espetáculo. No decorrer de um processo comum, Sua Excelência já teria interpretado a lei conforme os seus preceitos pessoais, suas convicções inquestionáveis e já teria proferido o seu julgamento. As testemunhas, de um lado e de outro, são sempre rigorosamente convocadas (às vezes, inventadas), bem treinadas, tenham ou não algo verdadeiro a acrescentar para elucidar os fatos. Os jurados, escolhidos entre os cidadãos da sociedade, devidamente cadastrados no sistema judiciário… mais homens ou mais mulheres? Mais velhos ou mais jovens? Tudo depende de muitas variáveis. A defesa usa todos os artifícios possíveis e inimagináveis para livrar o acusado da pena, sem importar se foi ele que cometeu o crime. O “direito” é assim. Afinal, isso não é o mais importante. É apenas um detalhe num intrincado jogo de poder, que envolve dinheiro, algumas vezes relações onde a ética e a moral são postas de lado. Um bom advogado, especialista em júri, faz isso com maestria, influencia e ilude os jurados, coadjuvantes mais do que manipuláveis. E depois de dias de julgamento, sob os holofotes atentos (ou nem tanto) e de acordo com a “repercussão” do crime, outro fator preponderante, sai o veredito. Mas lembre-se: sempre cabe recurso ou uma tentativa de anular o resultado. A Justiça fez a sua parte. Se foi justa ou não, quem vai questionar?
-
-
Posts recentes
Arquivos
- fevereiro 2022
- novembro 2021
- outubro 2021
- agosto 2021
- maio 2021
- abril 2020
- janeiro 2020
- dezembro 2019
- dezembro 2018
- setembro 2018
- março 2018
- janeiro 2018
- dezembro 2016
- novembro 2016
- julho 2016
- outubro 2015
- setembro 2015
- agosto 2015
- julho 2015
- junho 2015
- maio 2015
- abril 2015
- março 2015
- fevereiro 2015
- outubro 2014
- setembro 2014
- agosto 2014
- julho 2014
- junho 2014
- abril 2014
- janeiro 2014
- dezembro 2013
- novembro 2013
- outubro 2013
- setembro 2013
- agosto 2013
- junho 2013
- maio 2013
- abril 2013
- março 2013
- fevereiro 2013
- janeiro 2013
- dezembro 2012
- novembro 2012
- outubro 2012
- setembro 2012
- agosto 2012
- julho 2012
- junho 2012
- maio 2012
- abril 2012
- março 2012
- fevereiro 2012
- janeiro 2012
- dezembro 2011
- novembro 2011
- outubro 2011
- setembro 2011
Arquivos
Enjoy twitter
Tweets de fparrachoCategorias