A tristeza é, ao longo do tempo, motor e matriz de muitas obras de arte. Na nossa música, é musa de muitos sambas, de muitas canções. A bossa nova imortalizou este sentimento a partir de composições que se referiam a ele com uma certa nobreza, um ar de respeito, quase veneração. Um mal necessário. Já que é inevitável ficar triste, que seja fonte de criação, de fazer nascer outros sentimentos a partir da tristeza. Não existe tristeza que sempre dure, pois a felicidade pode estar à espreita!
“A tristeza é senhora, desde que o samba é samba é assim…”, disse Caetano Veloso na canção entoada com Gilberto Gil, no disco Tropicália 2. Só pra citar um exemplo, porque são muitos. Agora, o mesmo Caetano alicerça na tristeza uma marchinha sutil, quase cantiga de ninar, em que trata deste tema com uma delicadeza, uma sutileza, uma tristeza (sic) devastadoras. “O meu lábio não diz, o meu gesto não faz, sinto o peito vazio e ainda assim farto…!” Não me pergunte porque disso agora. Ou se é assim que me sinto. Ou se existe motivo. A tristeza, às vezes, dispensa motivos. Ela apenas acontece, surge quem sabe de onde, do nada, sem nada, de um antes, de algo que ainda virá e a gente apenas pressente (Devo citar que quem mostrou essa música foi o Lunaé Parracho, numa situação que, se não parecia triste, se tornaria em algum momento seguinte, como se tornou).
https://www.youtube.com/watch?v=4JLhfB8tFlA&feature=player_detailpage