Considerações sobre os discursos da Rio+20
(publicado em 20/6/12, por Hosseyn Shayani, no Facebook)
Como as suaves brisas do amanhecer, coroadas por tons roseos de nuvens timidamente ensolaradas, estamos nos despertando à realidade de que não pode-se implantar a tão desejada governança global, sem atacar as causas das nossas dores: a angustia do coração sem rumo. Partindo da premissa que o avanço da civilização se dá pela construção e interação dinâmica e harmoniosa do tripé: ideologia, organização e tecnologia, temos assistido tanto na conferência oficial, quanto na Cúpula dos Povos, ao focar apenas as duas últimas, deixando de lado a ideologia.
Fala-se em governância global, na emergência de um novo modelo de sociedade mais justa e com qualidade de vida, em soluções tecnológicas mais limpas para campo e cidade, agricultura, indústria, geração de energia, transporte, construção e comunicações, mas não se investigam as causas do nosso desarranjo, a nossa forma de ver o outro, a ideologia atrás das soluções propostas.
A falsidade da presunção de que paises industrialmente avançados e político e economicamente dominantes possam indicar o caminho, enquanto eles mesmos o prejudicaram historicamente, o curto raio de visão resultante de toda forma de preconceito, a postura materialista em relação à condição do ser humano, todos previnem o diálogo e as soluções apropriadas aos atuais desafios globais. A causa é mais profunda e está entesourada nas palavras de Bahá’u’lláh:
Havendo criado o mundo e tudo que aí vive e se move, Ele, pela operação direta de Sua Vontade absoluta e soberana, se dignou conferir ao homem a distinção e a capacidade incomparáveis de conhecê-Lo e amá-Lo – capacidade esta que deve ser vista como o impulso gerador e o desígnio primário que baseia toda a criação […]
Até quando, na nossa ideologia, não teremos coletivamente reconhecida a realidade da existência da transcendência – que nos embaseia, sustenta e orienta pela consciência individual e coletiva e pelas progressivas revelações dos grandes educadores universais-, e todas suas implicações na eliminação de preconceitos, na criação de ambientes de diálogo, na governância global e local, nosso caminho rumo a um desenvolvimento pleno estará barrado e não haverão soluções douradoras.