Ismael Cordeio é um sambista do Paraná. Ele se tornou conhecido nas rodas de samba como Maé da Cuíca. Recebeu o título de “cidadão samba de Curitiba”, que pode não ser lá tão glorioso assim, mas é um reconhecimento ao músico que praticamente trouxe à existência o carnaval na cidade. Maé fundou a Escola de Samba Colorado, a primeira de Curitiba. E ainda foi um respeitável jogador de futebol, do Clube Atlético Ferroviário, campeão estadual de 1953. Mas o maior troféu que este senhor de 84 anos ostenta é ter sido aplaudido de pé na quadra da Mangueira, uma das mais tradicionais escolas de samba do Rio e templo sagrado do carnaval. Maé e seus batuqueiros, como era chamado o grupo de samba que animava as noites curitibanas nas décadas de 1950, 60 e 70, participaram de um concurso de novos compositores, promovido pela Mangueira. Eles defenderam quatro sambas escritos pelo jornalista Claudio Ribeiro (outro apaixonado pelo samba e pelo carnaval) e por Homero Reboli. E venceram o concurso, em 1977. Quem diria… primeiro lugar na Estação Primeira de Mangueira. E justamente um sambista das frias terras de Curitiba, com seus batuqueiros também vindos da terra dos pinheirais! Eles estiveram ao lado de Cartola e Carlos Cachaça, que ficaram encantados com o gingado dos paranaenses e convidaram Maé e seus batuqueiros para uma apresentação no palco da quadra lotada da escola. Desfilaram o repertório que tocavam nos bares e em clubes de Curitiba e dançaram, reproduzindo as coreografias que também os tornaram famosos. Foram aplaudidos e festejados. Na sua simplicidade e dono de uma modéstia inquestionável, Maé conta que chegou a ser convidado pelos integrantes da Velha Guarda para ir morar no Rio, no morro do Mangueira, onde teria um barraco reservado pra ele. Imaginem só! Maé não foi, tinha família e compromissos aqui, onde continuou embalando as rodas de partido alto do Colorado e a torcida do seu time de coração, nas arquibancadas da Vila Capanema, grupo organizado que ficou conhecido como “Boca Negra”. Maé faz a cuíca falar, choramingar, gargalhar. Apesar da idade, ainda canta seus sambas, inclusive o que compôs em homenagem à Mangueira.
Este sambista de respeito vai estar hoje na Otv, às 21h30, no programa Passado & Presente. Canal 11 da NET Curitiba. Ou em tempo real pelo site: www.otv.tv.br